sexta-feira, 9 de abril de 2010

Homenagem a um amigo

Esse post é dedicado a um grande amigo de infância, e esse faço questão de identificá-lo. Seu nome é Cleber, mais conhecido como “Turrão”. Vou contar, resumidamente, sua história.

Quando jovem (faz tempo hein, cara...) foi classificado, assim como eu, para estagiar no Banco do Nordeste do Brasil. É interessante como uma pequena atitude em alguns momentos de nossas vidas pode ajudar a traçar nossos destinos, embora raramente o percebamos: foi perguntado a ele por um dos chefes o que seria feito com seu primeiro salário. Ele respondeu que compraria um computador, que na época era um MSX, para quem nunca ouviu falar, trata-se de um “embrião” dos PCs de hoje em dia. Dê uma “googada” que deve ter mais informações lá :)

Ao ouvir essa resposta, ele foi colocado para trabalhar no CPD, onde se concentrava todo o processamento de dados da agência. Nessa época não existiam coisas como agências on-line nem tampouco caixas informatizados. Tudo era manual e processado depois nesses centros. Sendo assim, ao ser desligado do estágio (precocemente, graças a um certo presidente “Indiana Jones” cujo apelido era Collor de Melo (ou será o contrário??) ele foi indicado para trabalhar numa empresa de planejamento agropecuário, justamente na parte de processamento de dados. Ao mesmo tempo recebeu uma outra proposta, até mais vantajosa financeiramente, mas acabou por optar ficar onde estava, por insegurança e creio que por um sexto sentido. Essa atitude o fez cair nas graças do patrão, que a partir daquele momento, passou a tratá-lo como um filho. Nesse emprego, teve oportunidade de ter contato com outros profissionais e aliando liberdade a uma facilidade nata, acabou por desenvolver uma habilidade autodidata rara em programas pouco comuns para leigos, tais como Corel Draw, 3D Studio, além é claro nos programas que até hoje usamos com muita freqüência, como Word, Excel etc. No fim das contas foram 15 anos de dedicação. Durante esse tempo ainda aconteceram outras oportunidades de mudança, como um concurso no finado Banco Econômico, onde ele passou mas não fez a segunda parte (porque segundo ele, passava mal no ônibus quando viajava e acabou não indo..) Isso aconteceu um ano antes da agência fechar, quando ele fez o concurso novamente e foi aprovado. Se tivesse entrado, estaria desempregado.

Depois que a empresa já havia fechado, aconteceu algo em sua vida que por pouco não teve um final infeliz. A casa onde ele morava com a mãe era objeto de herança e, mesmo sendo a mãe dela a única dentre os irmãos que já não possuía casa própria, foi praticamente intimada a sair para que o imóvel fosse vendido e dividido entre os herdeiros. Para não ser literalmente jogada na rua, teria que pagar o valor da casa na justiça até um prazo estipulado pelo juiz. O antigo patrão do Cleber ficou sabendo e num certo dia ligou para ele pediu que desse uma olhada no saldo de sua conta. Ele olhou e, segundo o mesmo, nunca viu tanto zero. Foi depositado um valor que seria decisivo na aquisição da casa que eles moram até hoje. Isso sem pedir nada em troca e depois da empresa já fechada e com todos os direitos deles terem sido pagos normalmente na época. Hoje ele chama esse patrão de "paizão", com toda a razão.

Veja como as coisas acontecem: se ele tivesse aceitado a proposta da outra empresa na época, não teria conseguido, entre outras coisas, a própria casa que mora, conhecimentos avançados em informática, bom relacionamento com várias pessoas influentes na sociedade... Isso sem falar que a tal empresa fechou as portas muito antes da que ele ficou.

É como eu costumo dizer: Coisas boas acontecem com pessoas boas. E é sempre bom tomar decisões pensando um pouco mais à frente, não somente dois dedos diante do nariz. Fica a lição!

Um comentário:

  1. Olhando isso em terceira pessoa é bem diferente. Disse isso a ele. Às vezes aparecem oportunidades que nem mesmo percebemos. Vale a pena observar de fora.

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